VEJA SE VOCÊ É VÍTIMA DA AUTOSSABOTAGEM

Por que sempre que estamos "quase lá", algo nos impede de alcançar nossos objetivos? Entenda o que é a autossabotagem

Você está prestes a conseguir a tão sonhada promoção, sabe que pode ser uma questão de tempo. Conhece seu trabalho, sabe o que tem de fazer. Mas, não funciona. Você procrastina atividades, “esquece” tarefas importantes e, de repente, o sonho da promoção se afasta léguas de sua realidade. Cuidado, você pode estar sendo refém de si mesmo, da autossabotagem. Mas, você sabe o que é autossabotagem? Conhecer é o primeiro passo para afastá-la.

Esse processo é mais comum do que podemos imaginar e se dá por meio de comportamentos destrutircos que, muitas vezes, estão fora do alcance da consciência, ou seja, as pessoas se autoboicotam sem saber que estão o fazendo.

Tais comportamentos colocam em risco as realizações que estão sendo almejadas, visto que a autossabotagem surge para que o equilíbrio aparente se mantenha e impeça que uma mudança ocorra, como, por exemplo, para não sairmos da rotina e enfrentarmos novos desafios e sair da zona de conforto. “Ou seja, nada mais é do que um mecanismo que a própria pessoa utiliza para dificultar ou inviabilizar mudanças, projetos, sonhos, que trariam algum tipo de melhora na sua vida pessoal, profissional, entre outras situações”, explica a psicóloga Gabriela Moraes.

PORQUE A AUTOSSABOTAGEM ACONTECE?

De acordo com Gabriela, não existe uma única causa para a ocorrência da autossabotagem, pois cada pessoa tem suas particularidades e individualidades. Assim, não é possível dizer que a autossabotagem apareceu simplesmente do nada, pois, na verdade, ela é resultado de um somatório de experiências pretéritas, traumas, frustrações, crenças e pensamentos distorcidos e disfuncionais, que foram se acumulando durante toda a vida.

A psicóloga ressalta que a insegurança e o sentimento de incapacidade são características do “autossabotador”. “O medo do novo, de encarar um novo desafio e a ideia de incapacidade podem ser fatores estressores e ansiogênicos para a pessoa e, para não enfrentá-los e para se proteger, acabam por se autossabotar”, completa.

Confrontar a realidade e sair da zona de conforto, acrescenta a psicóloga, pode ser um tanto quando ansiogênico, sendo, portanto, alvos fáceis para desencadear o processo de autossabotagem.

Outro ponto destacado pela psicóloga é que tarefas e atividades que trarão resultados a longo prazo também são bastante suscetíveis ao surgimento do mecanismo da autossabotagem. Acontece que muitas pessoas se movem apenas quando resultados positivos vão surgindo e, nesses casos, tais resultados poderão vir a surgir num prazo, muitas vezes, indeterminado, podendo ser, inclusive, incerto.

Neste contexto, destaca a psicóloga, a capacidade de resiliência da pessoa deve ser um tanto quanto elevada, para não se deixar abalar pelos desafios e empecilhos encontrados pelo caminho – ótimo campo para a autossabotagem aparecer. Geralmente esse mecanismo surge em fases de transição, como da adolescência para a fase adulta jovem, pois é nesse período que a pessoa irá atrás, na melhor das hipóteses, de sua estabilidade profissional e pessoal, buscando um equilibrio.

COMO IDENTIFICAR A AUTOSSABOTAGEM

Ir morar sozinho ou continuar no conforto da casa dos pais, aceitar nova proposta de trabalho ou promoção, são alguns exemplos de situações que podem gerar o surgimento do mecanismo de autossabotagem nessa fase do desenvolvimento. “Muitas vezes a autossabotagem pode ser confundida, intencionalmente ou não, com a coincidência”, comenta Gabriela.

Ela conta que o autossabotador utiliza deste mecanismo como uma “desculpa” socialmente aceita para se justificar caso venha a fracassar naquilo que está buscando alcançar. Assim, se você permite que essas “justificativas” dos fracassos sejam feitas, você estará se autorizando a “puxar o próprio tapete”.

Um exemplo clássico, conhecido por um grande número de estudantes, principalmente aqueles que deixam pra estudar na véspera da prova, qualquer estímulo, o mínimo que seja, se torna algo extremamente atrativo e inédito, como, por exemplo, uma mosca. “Ou, você lembra, no meio do estudo, que falta apenas um episódio daquela série que você estava assistindo, mas não pode

deixar para outro dia (vá que perca o fio da meada). Pronto. Já têm argumentos suficientes pra deixar aquela prova em segundo plano”, exemplifica a psicóloga.

Segundo Gabriela, um acompanhamento psicoterápico ajudará a encontrar estratégias de enfrentamento quando tais situações passam a gerar prejuízos no desempenho do estudante.

Também, o pessimismo frente a novas situações e desafios é uma característica forte do autossabotador, pois são pessoas que frequentemente questionam as razões pelas quais acabam tomando escolhas aparentemente erradas, por exemplo: se envolver amorosamente com parceiros que de alguma forma não é aquilo que almeja como a mulher que acaba se envolvendo sempre com homens casados.

O TRATAMENTO

Para mudar essas atitudes disfuncionais, primeiramente, a pessoa tem que reconhecer que aquilo está lhe causando um prejuízo para, assim, começar o processo de mudança. O reconhecimento e a quebra do comportamento destrutivo da autossabotagem são os primeiros passos para o fim desse mecanismo. “Mas isso nem sempre é fácil, tranquilo. Pelo contrário, é um processo que pode ser doloroso e pode levar certo tempo até que se consiga alcançar mudanças significativas, porém, o sofrimento é, em determinado grau, necessário para que os aspectos que precisam ser modificados se evidenciem”, conclui a psicóloga.