SOU FELIZ ASSIM! E DAÍ?

Quantos de nós tem a coragem de se despir ao mundo e ampliar todas nossas possibilidades com o propósito de contribuir na evolução do mesmo? Anelise conseguiu

Anelise era solteira, bem sucedida e não gostava de dar satisfação a quem não merecia. Era direta e empoderada! Respeitadíssima em seu trabalho! Era chamada a dar conferências nos quatro cantos do mundo. Falava quatro idiomas!

Sua formação era das melhores: escolas internacionais de negócios, palestras, workshops e horas e mais horas de cursos presenciais e a distância. Sua rotina era comparada a de uma máquina! Não parava nunca! A não ser para sua vida pessoal!

Ela tinha escolhas um pouco diferentes das tradicionais e não estava nem aí! Adorava a leitura de um bom livro, a companhia dos amigos e da família e era muito focada no que fazia. No alto de seus 30 anos acabara de terminar seu doutorado na área de tecnologia.

Mil convites de diversas multinacionais e empresas nacionais e ela não arredava o pé de seu escritório pessoal em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Tinha algumas experiências como trainee e havia trabalhado em uma grande empresa multinacional.

Com 29 anos resolveu ter sua independência e liberdade fundando uma empresa de consultoria e palestras. Apesar dos avisos dos pais e amigos, ela mandou "brasa no que queria"! Apesar de parecer loucura, Anelise sabia muito bem o que estava fazendo!

Sua área de atuação era extremamente instigante e fazia com que ela suspirasse a cada palestra proferida, negócio fechado e resultado alcançado. Quando perguntavam o que fazia ela ser assim, ela respondia na hora: meu propósito de vida! Tenho que aproveitar meu tempo ao máximo!

Num primeiro momento, aquela resposta era aliada das mais modernas estratégias de gestão de carreira e estavam ligadas a administração do tempo com eficiência total. O que não perguntavam a Anelise era porque ela tinha que aproveitar seu tempo ao máximo...

A VIDA NEM SEMPRE É JUSTA E SEMPRE TEMOS ESCOLHA

Anelise tinha descoberto aos 28 anos um câncer inoperável. Os médicos diziam que ela tinha, no máximo, 5 anos de vida e a esperança era de que a ciência, nesse período, descobrisse uma forma de resolver sua questão.

Ela escolheu tirar proveito de seu tempo e expor ao mundo tudo o que tinha de bom, deixando ela mesma feliz e plena com o tempo que tinha. Ninguém sabia daquela informação, nem seus pais, nem seus amigos.

Ela chegou a perguntar ao médico como aconteceria. Como ela era muito direta, o médico também foi: você pode vir a desfalecer durante o sono, trabalho, no avião, em qualquer lugar. A força daquela mulher era maior que uma doença. Ela escolheu ser útil ao mundo enquanto pudesse!

ESCOLHAS E SABEDORIAS

Em uma noite no hotel, após uma de suas palestras maravilhosas em que teve a oportunidade de ir ao Vale do Silício, seu sonho, Anelise sentiu uma forte dor de cabeça! Ela tinha a época 32 anos de idade.

Algo lhe dizia que aquela noite seria a derradeira! Ao invés de chamar a recepção do hotel para avisar aos socorristas, abriu seu computador e começou a escrever aquilo que ela chamou de Grito aos Sábios:

- Meu nome é Anelise, tenho 32 anos, e pela primeira vez na minha vida tenho medo! Medo de não escrever o que poderia ajudar àqueles que ainda não se deram conta do que vieram fazer nesse mundo!

- Precisei que um câncer me chamasse atenção e pusesse em perigo a minha vida para que eu tomasse a única decisão que considero importante: ser eu mesma! Ser útil ao mundo! Mais do que eu pensava que era!

- Meu único arrependimento foi esse! Quero dizer para você que lerá esse grito, que não cometa o mesmo erro que cometi. Não permita que você desperte a vida  somente quando algo muito grave lhe ocorrer!

- Aprecie cada instante como se fosse o último! Por isso só me arrependo disso! Depois que descobri a doença e, que não haveria volta, dei meu máximo! Mas ainda não sei porque não havia feito isso antes!

- Parecia que eu tinha um estoque de vida à minha disposição! Parecia que nada me atingiria e que nada................

Naquele momento, ela desmaiou e faleceu! Sozinha em um quarto de hotel fazendo o que mais amava! Quantos de nós pode dizer que já fez tudo que mais amava?

Quantos de nós tem a coragem de se despir ao mundo e ampliar todas nossas possibilidades com o propósito de contribuir na evolução do mesmo? Quantos de nós tem o desprendimento, mesmo no momento da morte, em dividir algo que agregue?

Só posso lembrar de Anelise, quando dizia: Sou Feliz Assim! E daí?

E daí? Vamos ser sábios ou vítimas?

César Silva é Mentor de Negócios, Consultor, Professor e Escritor - CEO @cesarsilvasimplesmente