SÍNDROME DE BURNOUT AGORA É CLASSIFICADA COMO DOENÇA DE TRABALHO

Especialistas falam das causas e tratamento da síndrome que leva ao esgotamento físico e mental diante de grandes cobranças

A pressão por resultados, a cobrança por novas ideias e projetos e a vontade de acertar sempre. São características de quem quer evoluir, crescer, e pode ser uma virtude. No entanto, cresce cada vez mais o número de pessoas que de tanto serem pressionadas e cobradas, inclusive por si próprias, desenvolvem uma condição que leva ao esgotamento, e acaba de entrar para a lista de doenças do trabalho: a Síndrome de Burnout. É sobre isso o material que apresentamos a seguir com duas pessoas que lidam diariamente com este problema e apresentam caminhos e sugestões para voltar a encontrar o equilíbrio e a saúde. O médico e neurocientista Jô Furlan fala da doença e de suas consequências e a especialista em desenvolvimento pessoal Dani Costa explica como venceu esta síndrome e hoje é capaz de ajudar mais pessoas.

Os sintomas da Síndrome de Burnout podem ser vários e por isso vale a busca por serviços de saúde para o tratamento adequado. A sobrecarga dessa síndrome tem potencial de ser o estopim que dará origem a sentimentos desconfortáveis, além de sintomas físicos como febre, dor de cabeça, desmaios, vômitos, insônia e um cansaço sem fim.

De acordo com Furlan, o problema vem cada dia mais sendo entendido como uma doença ligada ao trabalho e que a princípio não era levada a sério. “Sintomas como exaustão, seja física ou mental, muitas vezes era ligada ao quanto trabalhamos e não ao como isso está esgotando cada ser humano. Portanto, a utilização do termo síndrome do esgotamento profissional ajuda as pessoas a entenderem o que é essa patologia”, define.

Por todos esses motivos, a Síndrome de Burnout passa a ser classificada como doença de trabalho e a medida entra em vigor neste janeiro de 2022, como preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O neurocientista afirma que o estresse normalmente é fruto da má gestão da relação intra e interpessoal, de modo que, quando a pessoa não consegue administrar, aumenta o grau de estresse negativo, que é o distress. “Isso gera um processo crônico, que vai se refletir tanto no comprometimento físico quanto mental. E consequentemente ocasionando uma diminuição de produtividade”, alerta.
Ele ainda destaca que a Síndrome de Burnout acomete tanto mulheres quanto homens, mas como a mulher está mais sujeita a quadros de suscetibilidade emocional por ser multitarefa, leva-a se esgotar com mais facilidade pela sobrecarga de atividades.

É POSSÍVEL SUPERAR A SÍNDROME

Dani Costa é especialista em desenvolvimento pessoal, e em dado momento da vida, foi diagnosticada com Síndrome de Burnout quando teve um esgotamento mental que a levou ao limite. Cinco anos após esse acontecimento, ela decidiu escrever o livro Você é o Caminho, lançado recentemente em São Paulo e em Brasília e está disponível na versão física na Livraria Martins Fontes Paulista.
O principal objetivo da obra é compartilhar as experiências e resultados que a autora vivenciou, gradativamente, até conseguir a cura. À procura de respostas, ela escolheu dar uma pausa no turbilhão da rotina automática de executiva, diminuiu o ritmo e mergulhou corajosamente em si mesma.

Para a mentora, as características mais comuns encontradas em quem sofre essa síndrome são: ter de provar o seu valor o tempo todo, dificuldade em se desligar do trabalho, falta de disposição para relaxar e ter momentos de prazer e lazer, dificuldades em socializar, constante insatisfação consigo e com os outros (nunca está bom o bastante), fuga de problemas pessoais e situações mal resolvidas na vida, problemas para alinhar vida profissional e pessoal, mudanças repentinas de comportamento, humor inconstante, dificuldades em dizer não e assumir responsabilidades além do que cabe à pessoa, entrando muitas vezes em situações abusivas.

Dessa forma, ao vivenciar esse ciclo, a pessoa realiza as atividades de forma automática, perdendo o prazer e conexão com a própria vida. Dani recomenda que para evitar o desgaste extremo, é muito importante ter momentos de conexão consigo mesmo, tirar alguns minutos para olhar para si, seja por meio de uma atividade física, meditação, yoga, alimentação saudável, terapias ou conexão espiritual. “O simplesmente parar e relaxar, ainda que seja difícil, já leva a outro espaço de conexão, reorganização mental, priorização de valores que fazem sentido”, argumenta.

Para ela, esse comprometimento com o corpo, mente e espírito deve ser diário e leva à desconexão dessa matrix de trabalho e corporativa, que muitas vezes cria dissociação da realidade e da vida.
A especialista em desenvolvimento humano afirma ainda ser muito importante também que práticas de bem-estar sejam adotadas pelo próprio ambiente corporativo a fim de evitar que a Síndrome de Burnout acometa os colaboradores. “Por mais que exista a autorresponsabilidade, acredito ser importante a cooperação da empresa a fim de evitar o aumento de absenteísmo e alta rotatividade, mantendo assim os níveis de produtividade e satisfação”, recomenda.

Sobre Dani Costa

A especialista em desenvolvimento é também mentora, palestrante e escritora. Também é idealizadora da Plataforma da Vida, um portal de conteúdo e serviços voltados para autoconhecimento e gestão emocional. Formada em letras, passou pelo serviço público de Brasília e atuou 13 anos como bancária, nove deles como gestora.
Durante os anos atuando como executiva, coordenou trabalhos que exigiam empatia e a presença do outro, o que a fez expandir características como a facilidade com a escrita e o interesse em relacionamento humano. Ainda em seus anos corporativos, se aprofundou na área de gestão de pessoas com cursos dentro e fora do país, conhecendo a ferramenta Access Consciousness, entre outras.
Além do portal, Dani também criou o coletivo Brazilinas, que em um ano de existência desenvolveu, entre outras ações, a capacitação profissional de diversas mulheres em situação de vulnerabilidade social, trabalhando também a autoestima e incentivando a independência dessas mulheres.
Para saber mais, acesse: plataformadavida.com / Instagram: @plataformada.vida e @dani.costa.oficial

Sobre Dr. Jô Furlan

• Médico, escritor e neurocientista;
• Professor e pesquisador na área de Neurociência do Comportamento;
• Autor do best seller “Inteligência Comportamental Humana – A Inteligência do Sucesso”;
• Coordenador do Programa de Empreendedorismo Sênior e Neurowellness (bem-estar do cérebro) da Universidade da Terceira Idade da Unicamp;
• Precursor dos conceitos Neurowellness (bem-estar do cérebro), Emagrecimento Cerebral e Empreendedorismo Sênior;

• Há mais de quatro anos atua na Amazônia com comunidades ribeirinhas e quilombolas, sendo parte desse tempo em expedições de saúde realizadas por barco.