SALA DA TEACHER DAIA: Um plano de aula chamado Olimpíadas

  • 03 de Agosto, 2021
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Neste momento da pandemia, em que ainda perdemos muitas vidas, mas, ao mesmo tempo, preservamos tantas outras por causa da vacina, o esporte parece um sopro de vida e esperança de dias melhores

Por Daiana Souza*

Que me perdoem os críticos de plantão, mas acompanhar os Jogos Olímpicos em meio à pandemia foi um bálsamo para todos nós. Sabemos que o vírus nos assombra em meio à corrida da vacinação, mas durante as férias escolares tem sido muito bom conhecer as histórias de superação dos atletas, que treinaram em condições adversas para poder chegar a Tóquio em 2021. Medalhistas adaptaram suas práticas a pequenos espaços, confinados em apartamentos ou pátios de casa; açudes se tornaram piscinas olímpicas para treinar braçadas que, mais adiante, nos encheriam de orgulho no pódio.


Neste momento da pandemia, em que ainda perdemos muitas vidas, mas, ao mesmo tempo, preservamos tantas outras por causa da vacina, o esporte parece um sopro de vida e esperança de dias melhores. E eu, contagiada pela alegria e empolgação dos jogos, pensei em como o esporte e a aprendizagem podeme devem, na verdadecaminhar juntos para que, tanto crianças quanto adultos potencializem o aprender e até consigam sanar dificuldades de aprendizagem. Já imaginei as escolas oferecendo práticas esportivas além do momento da educação física, antes ou depois de um período de estudos matemáticos, por exemplo. Imagine aprender história jogando tênis ou basquete?! E aprender física lutando judô? Muito mais do que na integração de disciplinas como exemplos, a prática esportiva é uma ferramenta que potencializa nosso aprendizado, e esse discurso é cada vez mais reforçado pela neurociência. E como vocês já sabem, sou fã de carteirinha deste assunto.


Atividades físicas e práticas esportivas exercem grande influência no nosso cérebro. Estas atividades são ricas em experiências sensório-motoras, e tais experiências colaboram para o desenvolvimento de funções cognitivas, como a memória e a atenção. Pesquisas em desenvolvimento da criança, fisiologia e neurociência apontam que o movimento é essencial para a aprendizagem. Outros estudos mostram que o exercício físico praticado de forma regular ajuda na concentração e fixação de conteúdos, desenvolve melhor o raciocínio lógico e a memória, aprimora os reflexos e ajuda a melhorar o foco nas atividades escolares. Não existe uma forma melhor de despertar o cérebro do que se colocar em movimento, pois ele funciona exatamente como nosso músculo: cresce com o uso constante e atrofia com a inatividade.


Esporte é movimento, e movimento é vida. Devemos aproveitar essa energia positiva trazida pelas Olimpíadas para repensar nossa forma de ensinar. Será que ainda funciona deixar os alunos sentados por horas a fio, em uma aula expositiva? Afinal de contas, por que estamos privando nossos alunos de se mexer, quando sabemos que o movimento pode ajudá-los a aprender melhor? Já não vejo a hora de voltar às aulas e ensinar meus alunos em meio a uma corrida ou partida de vôlei. Eles aprendem mais, e eu também.


*Publicitária e professora de inglês. Daiana Souza escreve quinzenalmente neste espaço. Tem alguma dúvida, comentário ou sugestão a respeito do tema? Utilize os espaços abaixo para comentários.