SALA DA TEACHER DAIA: A preciosidade do tempo

Férias. Ah, as férias! Parece que aos poucos uma certa normalidade surge no ar, nos enchendo de esperança por dias melhores. Escolas se preparam para o recesso de inverno, pais se organizam para viajar (ainda em tempos de COVID-19, vale lembrar) e avós vacinados esperam ansiosos para rever seus netos, depois de tanto tempo em confinamento. Uma pausa na rotina corrida é um convite para a reflexão, pelo menos para mim. Estou o tempo todo pensando, mas quando eu paro para pensar, consigo refletir sobre a vida. É como se o corpo se condicionasse a dar um intervalo, pois quando estamos inseridos em nossa rotina o corpo parece apenas obedecer os comandos do cérebro: acorde, escove-se, vista-se, corra para lá e para cá. Então, vamos pensar um pouco sobre o tempo?

Nos últimos dias, antes das férias escolares, me peguei pensando em como estava usando o meu tempo. Sim, pois o tempo é um ativo limitado que temos, embora muitas vezes pareça que não. Concordo demais com o filósofo e escritor Mario Sergio Cortella, que diz que o tempo que temos coincide com a nossa vida. Por isso que, ao deixar passar algo precioso, estamos desperdiçando o tempo que temos. Não posso negar que, com essa reflexão de Cortella em mente, tomei decisões importantes na minha vida: saí de um emprego para apostar em outros projetos e oportunidades.

Dei-me conta que o meu tempo estava sendo desperdiçado em um emprego que já não estava mais me fazendo feliz, nem pessoal e nem financeiramente. Pesei muitos fatores, mas o elemento-chave da decisão foi o meu tempo de vida que estava sendo investido em algo que já não era mais válido para mim. Como nosso tempo é limitado e não pode ser multiplicado, nem estocado, me arrisquei em um movimento que, em um primeiro momento, não tem nada de seguro. Ao contrário, em tempos pandêmicos, como dar passos tão grandes? Neste caso, não podemos esquecer de um grande parceiro do tempo: o planejamento. Quando estes dois andam juntos, não tem como dar errado. Cortella reforça a necessidade de não procrastinar, de não deixar passar aquilo que precisa ser organizado, estruturado, providenciado no tempo.

Afinal, quem não planeja faz duas vezes. E não há como fazer o tempo voltar para fazer de novo. Dei um abraço forte no meu planejamento e me senti um pouco mais segura para tomar as decisões que tomei. E é engraçado como o universo conspira ao nosso favor quando estamos conectados com nossos objetivos: muitas outras oportunidades se abriram após minha saída. Novas ideias, projetos e mais tempo para se planejar, trabalhar e aproveitar a vida ao lado das pessoas que amo. Devemos pensar sobre como estamos usando o nosso tempo, pois podemos deixar passar diversas oportunidades de alcançar uma situação melhor do que aquela em que estamos inseridos.

Convido você a aproveitar esta pausa para pensar em como você está se relacionando com o seu tempo. Tem projetos parados no fundo da gaveta, “esperando um tempo” para serem executados? Lamento informar, mas este tempo que você está esperando para colocar sua ideia em prática já passou e não vai mais voltar. Pense no que você pode fazer para se sentir mais seguro e deixar de lado aquilo que, no fundo, está fazendo mal a você. Abra mão do que não acrescenta mais nada à sua vida e dê espaço para o surgimento de novas ideias, novas pessoas, novos aprendizados.

Lembro de algo que uma querida amiga me disse uma vez, sobre sua sogra italiana. Acho que essa é uma máxima bem cultural dos italianos, mas vale para qualquer nacionalidade: “Se você ficar bravo com alguém, que seja por no máximo 30 minutos. Depois perdoe e siga em frente”. É a sabedoria de quem viveu bastante a serviço de quem ainda não viveu tanto assim. Esses 30 minutos de brabeza nunca mais vão voltar. Mas já deu para entender a importância de se aproveitar bem o nosso tempo, não é mesmo?

*Publicitária e professora de inglês. Daiana Souza escreve quinzenalmente neste espaço. Tem alguma dúvida, comentário ou sugestão a respeito do tema? Utilize os espaços abaixo para comentários