SALA DA TEACHER DAIA | A Minha Turma da Mônica

Espero que as crianças de hoje possam se inspirar com as histórias dessa turminha, assim como eu me inspirei na minha infância

Por Daiana Souza*

Minha primeira turma de infância foi a Turma da Mônica. Quem me conhece pessoalmente não acredita, mas fui uma criança tímida e tive dificuldade de fazer amigos (aliás, sigo tímida até hoje). Então, Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão me faziam companhia o tempo todo, dentro dos gibis que eu carregava para lá e para cá na minha mochila.

A leitura era meu refúgio e, mais tarde, se tornou a forma de me aproximar dos meus colegas da escola. Como eu aprendi a ler muito cedo, eles me pediam para ler historinhas diversas vezes, fosse no recreio ou nos intervalos entre uma atividade e outra em sala de aula.

Cresci e passei por minhas próprias aventuras dentro e fora da escola, enfrentei minhas inseguranças e fiz minhas descobertas pela vida, sempre acompanhada daquela turminha querida do bairro do Limoeiro, que me divertia toda vez que eu abria um novo gibi para ler.

Cascão sempre fugindo do banho, Cebolinha trocando a letra R pela letra L, Magali sempre comendo e Mônica… bom, enfrentando os meninos que a incomodavam e sendo simplesmente a dona da rua. Pois bem, nestas férias escolares pude assistir a primeira temporada de Turma da Mônica - A Série, no Globoplay com minha filha e posso dizer: quase chorei de emoção ao ver a minha primeira turma de infância em forma de gente de verdade - o que chamam de live action no cinema, em que desenhos se tornam reais na telinha.

Apontava para a TV o tempo todo, empolgada com a trama viciante do primeiro ao último episódio, cheia de graça e afeto. Mas o mais tocante de tudo isso foi poder ver como todas as crianças - absolutamente TODAS - estão retratadas nessa série. O processo de passar da infância para a adolescência não é nada fácil, e não falamos sobre isso dentro da escola.

Apenas vivenciamos o processo, sem análise ou com um olhar mais carinhoso e paciente. Se a criança cresceu a ponto de não poder mais brincar no parquinho, mas não cresceu o suficiente para jogar basquete na quadra dos “grandes”, para onde ela vai? Pode colocar maquiagem e levar as bonecas para uma festa com os amigos ou “paga mico”? E os pais, não precisam mais abraçar seus filhos na entrada porque “é coisa de bebê”?

Para tornar-se pessoa é necessário passar por muitas fases, e cada fase é cheia de questionamentos, desafios e cobranças - tanto internas quanto externas. Cada personagem da Turma da Mônica na série passa por seu desenvolvimento particular, e é muito lindo ver como cada um cresce, tropeça e levanta; briga, reconcilia e ama.

Outro ponto alto da série é mostrar o bullying escolar e suas consequências terríveis, que perpassam a infância e chegam à vida adulta. E toda a trama tem como pano de fundo o valor da amizade como fator de transformação social. Crianças amigas são capazes de tudo. Principalmente de mudar o mundo.

Espero que as crianças de hoje possam se inspirar com as histórias dessa turminha, assim como eu me inspirei na minha infância. Hoje elas têm acesso a todo tipo de conteúdo, a qualquer momento. E é de responsabilidade dos adultos disponibilizar qualidade e filtrar o que não faz bem.

*Publicitária e professora de inglês. Daiana Souza escreve quinzenalmente neste espaço. Tem alguma dúvida, comentário ou sugestão a respeito do tema? Utilize os espaços abaixo para comentários