RETOMADA DE ATIVIDADES FÍSICAS: OS CUIDADOS ESSENCIAIS

Aos poucos, algumas rotinas voltam, como a prática de exercícios, em meio à pandemia, mas é preciso ter muitos cuidados além de evitar o contágio pelo coronavírus

A pandemia do novo coronavírus ainda ameaça a saúde de muitos brasileiros, mas, aos poucos algumas atividades são retomadas e a orientação não muda: prevenção e segurança ainda são palavras de ordem. E, além desses cuidados para manter o risco de contágio longe, outras medidas precisam ser tomadas, quando se trata de saúde. Exemplo disso é a retomada das atividades físicas. Mais do que manter os espaços higienizados, é preciso voltar com calma para evitar lesões, pois há quem esteja parado há praticamente seis meses.

O alerta é da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé). O desafio é retomar o ritmo com o menor risco possível de provocar lesões, como afirma o presidente da entidade, o médico José Antônio Veiga Sanhudo. Segundo ele, em seus consultórios, os especialistas têm observado uma frequência maior da ruptura do tendão de Aquiles entre os meses de outubro e dezembro de cada ano, justamente quando as pessoas que estavam sedentárias durante o inverno começam a retomar a prática de atividades físicas ou esportivas sem os cuidados necessários. 

“É importante retomar os treinos sob orientação de um profissional e de forma gradual, fazendo os exercícios com uma intensidade ou carga menor do que estava acostumado, para que o corpo possa se readaptar. A retomada das atividades na intensidade prévia à parada pode causar fortes dores musculares e lesões sérias, com comprometimento desta retomada”, ressalta Sanhudo.

O alongamento antes do treino, embora dispensado por alguns educadores físicos, é importante na visão do especialista, pois prepara o corpo para o esforço, diminui a tensão das estruturas musculotendíneas e tem por objetivo minimizar lesões, como o estiramento ou mesmo a ruptura destas estruturas.

O presidente da ABTPé recomenda que a retomada seja gradual, respeitando a regra de reiniciar os exercícios físicos com 50% da intensidade e 50% da carga que vinha realizando antes da parada, e aumentar não mais do que 10% por semana. “Com este cuidado, as chances de lesão são muito menores”, pontua.

Para quem deseja retornar às corridas, fazer exercícios para os músculos dos pés é essencial, ressalta o especialista.  “O pé é o primeiro amortecedor na corrida, mas ele precisa estar com a musculatura bem condicionada para exercer essa função, do contrário, o corpo tende a sofrer mais com o impacto de cada passada”, fala.

Treinos de propriocepção (equilíbrio) são extremamente úteis antes da retomada, para minimizar lesões, especialmente as entorses. “Andar mais descalço também é uma opção para fortalecer os pés, pois a sola é repleta de sensores que ajudam o cérebro a controlar melhor o movimento e o equilíbrio”, explica Sanhudo.

Sobre a ABTPé

A Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) foi fundada em 1975 com a missão de unir a classe médica na especialidade, além de estimular o intercâmbio de informações científicas, fomentando a educação continuada entre os especialistas de pé e tornozelo no Brasil. Também tem a responsabilidade de esclarecer a população sobre os temas relacionados à especialidade.