MERCADO EDITORIAL: O LIVRO NÃO ESTÁ CONDENADO

Veja como a Editora Sinopsys passa ao largo da crise econômica do setor e acende a esperança ditada pelo consumo de livros

Dê a isso o nome de esperança, fôlego, luz no fim do túnel, o que for. O fato é que, diante de  tantas reclamações, crise, falta de verba, de investimento, de incentivo, a morte do livro não está decretada. Temos visto diariamente notícias sobre a dificuldade de livrarias honrarem seus compromissos e a ameaça do fechamento bate à porta a todo o momento. Mas, em meio a tudo isso, percebemos iniciativas que dão fôlego e sobrevida ao que pode ser o melhor companheiro que se pode ter, um livro. Recentemente, falamos aqui da primeira edição do Leia Mulheres no Vale do Sinos, um movimento que valoriza e estimula a leitura de escritoras. Hoje, vamos falar de uma empresa que tem no livro o foco de toda uma proposta de trabalho e coloca a escrita como ferramenta para profissionais e leigos da área da Psicologia.

No coração do Vale do Sinos, em Novo Hamburgo, uma editora vem se destacando por ir no sentido contrário dessa crise que atinge quem faz e vive dos livros. Diretor da  Sinopsys Editora, Ricardo Gusmão faz de sua rotina uma verdadeira declaração de amor à literatura.

A Sinopsys surgiu a partir de um jogo que virou ferramenta para o trabalho de psicólogos que trabalham com crianças, o Baralho das Emoções.

Naquela oportunidade, seus então sócios lhe apresentaram a ideia já sinalizando que o mercado cresceria nessa direção. "O fato de sermos uma editora de nicho com certeza nos afasta um pouco dessa crise macro que o mercado editorial passa. Porém, a gente também paga um preço por isso, pois atuamos num mercado muito pequeno e segmentado e praticamente você tem que 'matar um leão por dia', sendo que está cada dia mais difícil você achar o leão na rua pra bater", diz o empresário. E diz, por um lado, sim, a editora ficou fora da dificuldade, mas por outro, por se considerar uma editora pequena por não ter escalas com grandes tiragens, há uma certa dificuldade. No entanto isso não impede que a Sinospys cresça 50% ao ano, como acaba de fechar 2018.

MAIS PESSOAS LENDO

Esse perfil empreendedor também pode se justificar diante de uma visão otimista quando se trata do futuro do livro. Apesar do cenário que teima em se desenhar diariamente, Gusmão não acredita no fim do livro, seja ele impresso ou digital. "Quando eu montei a editora em 2010/2011, o Jeff Bezos, da Amazon, proclamava que os impressos estariam fadados a terminar. O Brasil, como nós sabemos, é um país que lê muito pouco, então, antes ainda dos livros digitais ocuparem mais espaço, a gente vê e percebe cada vez mais as pessoas lendo. Então as editoras brasileiras não têm sentido esse impacto de queda de vendas em função do digital, pelo contrário, impresso continua firme e a gente costuma ver nas feiras de livro, nas próprias livrarias muitas crianças ainda lendo, e esse hábito adquirido agora com os pequenos vai fazer com que o livro impresso perdure por um bom tempo", sinaliza.

Então, qual o segredo? Na verdade, não há segredo, segundo o empresário, e ele afirma que o conselho para crescer e não sucumbir à crise é: pensar fora da caixa. É preciso inovar, diz ele, não dá para seguir a boiada, tem de lançar produtos diferentes, ousar, arriscar e sempre ver o copo meio cheio. "Aonde há crise, há oportunidade, é uma questão de saber enxergar isso e acreditar no seu taco e na sua equipe", complementa.

E como um legítimo defensor do mercado editorial, como não poderia deixar de ser, Gusmão tem, também, um recado para os leitores. Na luta contra a pirataria, ele explica o quão prejudicial essa prática pode ser. Ao pegar um PDF em sites que disponibilizam esse tipo de arquivo, o leitor não tem consciência de que para este livro chegar "de graça", muito trabalho, dinheiro e esforço foram investidos, tanto pela editora quanto autor. "No nosso caso, que são livros técnicos isso é ainda mais grave. Nossos autores são profissionais competentes, estudiosos, que investem anos de estudo, mestrados, doutorados, pesquisa, para elaborar um livro sobre psicologia. E muito me surpreende que depois um psicólogo ou estudante se orgulhe de ter conseguido material de graça. Chegou de graça na mão dele mas custou muito caro para quem produziu. Leitor, se liga, compra o PDF pelo menos, se não quer comprar o livro impresso. Se todo mundo piratear, logo, logo não vai ter mais gente escrevendo, editora editando, e nao vai ter o que ler", salienta.

Assim, diante desse quadro de otimismo, empreendedorismo e muito trabalho, a Sinopsys deve seguir no ritmo do crescimento. E vem novidade por aí. Além de intensificar as ações na área da psicologia, dando suporte aos profissionais, a editora vai lançar publicações direcionadas ao público final com temas focados em saúde mental. "Queremos levar a saúde emocional para o indivíduo e sua família, e a gente acredita que abrindo esse leque, vamos fazer a editora crescer substancialmente", diz Gusmão, ao ressaltar que, com esta proposta, a Sinopsys pretende ser uma porta para que as pessoas aprendam a se conhecer e identifiquem, e aceitem, a necessidade de buscar ajuda profissional.

 

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