JANEIRO BRANCO: PESQUISA ALERTA PARA OS CUIDADOS COM A SAÚDE MENTAL

Universidade Feevale apresenta resultados preocupantes sobre o quanto a população está sensível ao adoecimento mental por causa da pandemia

Os problemas físicos gerados pela Covid-19, os sintomas e as sequelas que a doença deixa são fantasmas que rondam a vida de todos nós e, infelizmente, em muitos casos, se tornam a triste realidade. Porém, um outro viés da pandemia também se instalou entre nós e, da mesma forma, pode resultar em complicações: a saúde mental pode ser afetada, e muito, diante de todo esse quadro. Viemos falando muito disso desde o ano passado, especialistas em diversas áreas mostram o quanto o novo coronavírus tem afetado a existência humana e agora, uma pesquisa coloca este cenário em números. E fica um pouco mais fácil de entender e buscar ajuda, se for necessário.

No Janeiro Branco, a Universidade Feevale apresenta os resultados de uma pesquisa que alerta para importância dos cuidados com a saúde mental. Estes resultados mostram uma população mais sensível ao adoecimento mental por causa da pandemia.

A campanha nacional do Janeiro Branco, iniciada em 2014, visa promover e efetivar, em todo o País, ações de promoção aos cuidados relacionados à saúde mental.

E é preocupante o resultado da pesquisa realizada pelas professoras Sabrina Cúnico e Carmem Giongo, do mestrado em Psicologia da Feevale. Uma pesquisa realizada pelas professoras Sabrina Cúnico e Carmem Giongo, do mestrado em Psicologia da Universidade Feevale, mostrou um resultado preocupante. O estudo, que contou com a participação de 428 pessoas, sendo 321 mulheres e 107 homens, com idades entre 18 e 70 anos, identificou altos índices de insônia (36,2%), dor de cabeça (34,8%), inquietação (32,2%) e vontade de chorar (26,1%). Além disso, os participantes mencionaram ter sentido angústia (63,5%), irritação (36,9%), tristeza (25,2%) e nervosismo (33,8%), entre outros sintomas.

A pesquisa também apontou o que os participantes têm sentido mais falta durante esses meses de isolamento. Passeios (71%), encontro com amigos (68,9%), encontro com familiares (61,2%), rotina (58,8%) e exercícios físicos (36,4%) foram as atividades mais citadas. O estudo diz que as pessoas estão buscando valorizar mais a vida (30,8%), desejam que os cidadãos tenham condições de alimentação, saúde, educação, moradia e renda (27, 5%), tenham mais consciência sobre o consumismo e poluição (15,8%), se importem mais em estarem presentes em momentos importantes (14,9%) e possam retomar a rotina sem prejuízos (14,2%).

O mesmo público opinou que a pandemia proporcionou momentos de reflexão e mudança (34,3%), de valorização da vida e das pequenas coisas (18,9%), da importância de estar em casa e possuir tempo para a família (17,2%) e das relações/interações com o outro (13,8). Pelo ponto de vista negativo, destacam-se a crise econômica e o desemprego (27,1%), a situação da saúde e do aumento de casos e mortes (24%), o distanciamento social (13,7), o medo e a ansiedade (10%) e a desigualdade social (10%).

"As pessoas estão realmente cansadas de estar em isolamento, pelo tempo em que a pandemia está imposta, bem como pela incerteza da vacina e da cura da doença", destaca. Segundo ela, pelo fato de os seres humanos serem indivíduos relacionais, que precisam da presença e da troca externa, a falta disso aumenta esse impacto. "A pandemia mostrou que o contato via redes sociais, que aproxima mas é superficial, não é suficiente", pondera.

Ainda conforme a docente, são necessárias novas companhas de conscientização para que as pessoas busquem ajuda profissional, por meio de terapias, teleterapias ou outras formas para evitar o seu adoecimento mental. "É importante que a pessoa estabeleça uma rotina entre trabalho e lazer, faça coisas que goste e procure novos hábitos saudáveis. Também é importante que compartilhe seus momentos de angústias com outras pessoas, para desabafar e amenizar o sofrimento", complementa.

Atendimento à comunidade

O Centro Integrado de Psicologia (CIP) da Universidade Feevale está aberto para atender a comunidade. Para agendar o atendimento, as pessoas devem entrar em contato pelo e-mail cip@feevale.br ou pelo telefone (51) 3586-8800, ramal 8620.