ESCAPE: POR QUE A MULHER TEM ESSE TIPO DE SANGRAMENTO?

O sangramento de escape pode aparecer após mudança do uso de anticoncepcionais, indicar uma gestação, presença de pólipos ou câncer de colo uterino

Pequenos sangramentos na calcinha fora do ciclo menstrual geralmente são motivos de queixas em consultórios de ginecologia. Conhecidos como escape ou spotting, esses episódios causam um alerta em muitas pessoas, principalmente naquelas que fazem uso contínuo de anticoncepcionais e não esperam ter essas manchas de sangue durante o mês.

Em alguns casos, o escape não costuma ser nada grave e o sangramento cessa espontaneamente. Isso porque esses episódios podem acontecer após a mudança de medicamentos contraceptivos ou após a realização de exames ginecológicos. No entanto, há situações que necessitam de investigações, pois a presença do sangue pode indicar doenças e até uma gestação.

Saiba o que é o escape

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), esse tipo de sangramento pode acontecer entre os ciclos menstruais ou após uma relação sexual. As principais diferenças do escape para a menstruação é que o sangue costuma ter um fluxo leve, vir em pequenas quantidades, apresentar cor amarronzada e durar poucos dias.

Na maioria dos casos, esses episódios não vêm acompanhados de dor ou quaisquer outros sintomas. No entanto, mesmo que isso não ocorra, a procura por um ginecologista é indispensável, pois o profissional irá ajudar a investigar quais podem ser as causas para a presença do sangramento.

O que o escape pode indicar?

Segundo ao guia "Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres", criado pelo Ministério da Saúde e o Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, diferentes causas podem levar o organismo a ter um sangramento de escape.

Para descobrir o que está causando esse episódio, o ginecologista pode realizar uma entrevista com a paciente e também solicitar alguns exames como papanicolau, ultrassonografia ou colposcopia.

Cabe ressaltar que esse sangramento também faz parte dos primeiros sintomas de gravidez. Neste caso, a paciente deve realizar o teste e buscar por auxílio profissional.

Mudança ou uso incorreto de anticoncepcional

O anticoncepcional é considerado pelo guia do Ministério da Saúde uma das causas mais comuns para o sangramento de escape. Geralmente, o episódio ocorre nos três primeiros meses de uso do medicamento ou ainda quando a paciente o administra de forma incorreta. Além disso, a explicação também pode estar associada à baixa dosagem de estrogênio dos comprimidos.

Nesses casos, o ginecologista irá orientar para que a pessoa busque se atentar aos horários da medicação. Caso as manchas de sangue persistam após os três meses, é necessário realizar uma investigação para descobrir o real motivo por trás do escape.

Patologias cervicais e ectopia

O escape, conforme o guia, também pode indicar patologias cervicais e ectopia (ferida no colo uterino). Os episódios de escape podem ter relação ainda com cervicite – infecção sexualmente transmissível que causa inflamação no colo do útero –, pólipos ou câncer de colo uterino.

O sangramento que ocorre nesses casos costuma vir após as relações sexuais, tendo o mesmo padrão físico do escape. Cabe ressaltar, que esses episódios também podem acontecer em mulheres com pouca lubrificação.

Para identificar se os sangramentos são recorrentes de patologias cervicais, o ginecologista costuma realizar a inspeção do colo uterino durante o exame especular. Dependendo da necessidade, o médico poderá encaminhar a paciente para o tratamento especializado ou ainda pedir a realização de novos exames.

Patologias do endométrio

O escape também pode ser um sinal de patologias do endométrio, como pólipos, hiperplasia e câncer. Os episódios de sangramento ocorrem entre os ciclos menstruais e também podem acontecer após as relações sexuais, assim como nas patologias cervicais e ectopia.

Quando há suspeita de que a causa do sangue esteja no endométrio, o diagnóstico pode ser feito por meio de uma ultrassonografia. No entanto, algumas pacientes são encaminhadas para histeroscopia diagnóstica, um exame capaz de visualizar a cavidade do útero.

Doença inflamatória pélvica

As doenças inflamatórias pélvicas costumam ocorrer quando bactérias se deslocam da vagina para o útero ou ovários. Segundo o guia do Ministério da Saúde, um dos sintomas comuns para esses episódios é o escape.

Nesses casos, a presença do sangue costuma estar associada à dor pélvica, febre, sangramento após relações sexuais ou mudança no padrão do ciclo ovulatório. O ginecologista identifica essa causa ao notar o colo uterino friável, com secreções características de cervicite e dor da paciente ao realizar o exame.