ERA SOL QUE ME FALTAVA...

Especialista em saúde mental fala sobre a importância da produção de vitamina D a partir da exposição ao sol

Com a despedida do verão e a chegada do outono, é mais comum que as pessoas se exponham menos ao sol e fiquem ao ar livre. Mas, é preciso estar atento para que a "fuga" dos raios do sol e da luz do dia não acabe por intensificar transtornos como ansiedade ou até mesmo depressão.

A médica especialista em saúde mental Tamires Cruz faz um alerta importante para que hábitos saudáveis sejam mantidos. Entre as principais maneiras de tratar um paciente que tenha ansiedade ou depressão, diz ela, estão o uso de medicamentos receitados por psiquiatras e a psicoterapia. No entanto, continua, existem algumas estratégias que podem complementar os tratamentos convencionais.

A prática de hábitos saudáveis, de acordo com Tamires, relacionados à qualidade do sono, boa alimentação e prática de exercícios físicos são excelentes ferramentas para ajudar a diminuir os sintomas e as suas condições, inclusive a exposição ao sol.

De acordo com a médica, o sol tem papel fundamental no controle da ansiedade e no tratamento da depressão, pois estimula a produção de vitamina D no organismo. "Esse nutriente é essencial por ajudar a regular o humor e a função cognitiva", diz ela. Tamires ressalta que a vitamina D atua para reduzir os sintomas destes dois transtornos por sua atuação chave na produção de endorfinas, na redução do cortisol e na regulação do ritmo circadiano e produção de serotonina.


A participação da vitamina D na produção de endorfina se dá da seguinte forma: ao ser exposta aos raios solares UVB a pele estimula as células produtoras de vitamina D (queratinócito) a produzir pré-endorfina, que é transportada para glândula pituitária e convertida em endorfinas. “Por serem substâncias químicas que ajudam a aliviar a dor e melhorar o humor, as endorfinas podem ajudar a reduzir a ansiedade”, explica a médica.


Ao contribuir para regular o sistema imunológico e reduzir a inflamação do corpo, a vitamina D acaba levando a uma diminuição da produção do cortisol, hormônio que em quantidade e no tempo ideal é necessário ao ser humano, porque ajuda a regular a resposta de luta ou fuga quanto está sob estresse. O problema, segundo Tamires, é quando os níveis de cortisol são elevados por um período prolongado, porque isso acaba acarretando sintomas de ansiedade e depressão. “Assim, o sol e a vitamina D por ele produzida, ao reduzirem os níveis do hormônio do estresse no corpo, também auxiliam na mitigação dos transtornos”, afirma.


O ritmo circadiano do corpo é o processo interno que controla o ciclo de sono-vigília dos seres humanos. “Quando nossos ritmos circadianos estão desregulados, isso pode afetar a produção de hormônios, incluindo a serotonina, que está diretamente ligada ao humor e bem-estar emocional”, explica dra. Tamires. Conforme a médica especialista em saúde mental, a exposição ao sol e a produção de vitamina D são essenciais para manter os ritmos circadianos do corpo em sincronia e consequentemente melhorar a produção de serotonina, assegurando, dessa forma, o bem-estar emocional e contribuindo para a prevenção da depressão e da ansiedade.


uma das principais maneiras de reduzir a produção de cortisol é através da regulação dos ritmos circadianos do corpo.

Por fim, Tamires ressalta que, não obstante a exposição ao sol ser benéfica à saúde mental das pessoas, contribuindo para a mitigação dos sintomas de ansiedade e depressão, ela deve ser feita com moderação e com proteção adequada contra os raios ultravioletas (UV) nocivos. “O uso de protetor solar e roupas protetoras são essenciais para evitar danos à pele e outras condições de saúde relacionadas à exposição excessiva ao sol”, conclui.