DICA DE LEITURA: SOBRE OS OSSOS DOS MORTOS

Por Aline de Melo Pires*

Acabei de ler o encantador Sobre Os Ossos dos Mortos, da nobel de Literatura, Olga Tokarczuk, e que saiu pela edirtora Todavia. A leitura me tinha sido recomendada por muitas pessoas que, assim como eu, amam livros e sempre indicam narrativas incríveis. Obrigada!

A história escrita por Olga é a de uma protagonista encantadora, uma senhora divertida, inteligente apaixonada pela escrita, pela literatura, por astrologia e, sobretudo, pelos animais. E é essa última paixão o fio condutor de toda a narrativa, junto à confiança plena que a carismática Janina Duschenko tem nos astros. 

Ela, que muitas vezes é tida como louca pela vizinhança de um pequeno vilarejo na Polônia, costuma percorrer a floresta e desarmar as armadilhas montadas pelos caçadores, enquanto faz a sua ronda no inverno cuidando das casas de pessoas que fogem das baixas temperaturas. 

E a história começa para o leitor a partir da morte de um vizinho de nossa protagonista, que também é a narradora. A morte de Pé Grande (ela tem o hábito de chamar as pessoas não pelo nome mas pelas características que mais chamam a atenção) é o começo de uma série de mortes no, até, então, sossegado vilarejo. Ao lado de outro vizinho, Esquisito - olha aí mais um apelido - ela descobre que Pé Grande morreu engasgado com um osso de uma corça que ele teria matado e preparado.

A partir de então, Duschenko, como prefere ser chamada, desenvolve a teoria de que os animais estão a se vingar dos seus caçadores, já que mais duas mortes em circunstâncias pouco esclarecedoras acontecem.
É pela história de Janina Duschenko, que a gente também passa a conhecer um pouco mais da vida e pensamentos de outros personagens carismáticos, como ela, como seu ex-aluno Dísio, com quem ela costuma fazer traduções de Blake, e ainda uma simpática dona de um brechó, a Boas-Novas.

A narradora tem umas sacadas filosóficas muito interessantes, que nos transportam, enquanto leitores a espaços de reflexão e questionamentos. O livro tem um ritmo bom pra leitura, uma linguagem que flui e aquele aspecto de thriller policial, marcado também por pitadas de humor. 

O final me surpreendeu. Demais. Por isso, indico. Mas até lá, tem muita coisa bacana na história da Olga.

*Jornalista - Diretora de Conteúdo Temas Preferidos