DICA DE LEITURA: IOGA

Era para ser somente um livrinho simpático e perspicaz sobre ioga…

Por Aline de Melo Pires*

Num primeiro momento parece que este livro aborda o tema da prática de Ioga. Aborda, claro, está o título para provar. No entanto, vai muito além, é um relato profundo de quem insere esta modalidade em sua rotina, mas não faz dela uma cortina para mostrar um mundo feliz. Muito pelo contrário. O escritor francês Emmanuel Carrère descreve em Ioga (Editora Alfaguara)** momentos intensos de sua vida, como a depressão e a ansiedade e contextualiza como a ioga o ajudou a passar por tudo. Ajudou, que fique bem claro, porque a trajetória descrita por ele envolve muitas questões que mostram a diversidade tanto do sofrimento humano quanto das ferramentas para lidar com ele. Aqui vai, então, a minha contribuição no Dia Internacional da Yoga, lembrado neste 21 de junho.


A ideia de Carrère era escrever um “livrinho simpático e perspicaz” sobre a ioga. Por isso, se inscreve em um retiro com este objetivo. Intensificar a prática para escrever um livro. Mas o plano é frustrado por uma série de acontecimentos que começa com um atentado, em 2015, em Paris, que tirou a vida de seu editor e amigo. E então o livro se transforma em uma obra sobre ioga, depressão e terrorismo, quando somos remetidos ao atentado ao jornal Charlie Hebdo.

As fortes e graves notícias do mundo exterior o expulsam do local escolhido como uma fonte de inspiração e de sanidade. O que ele encontra do lado de fora é o oposto de tudo isso e o leitor embarca nessa estrada ao encontrar as emoções mais genuínas que o autor poderia descrever. Como se não bastasse, em meio a tanta tragédia e tristeza, o autor é diagnosticado com transtorno bipolar e isso acaba por criar bloqueios justamente onde não poderia: na escrita.

Aqui, ele abre a vida em luto, perdas, amor, superação e.. ioga!

Se em obras anteriores Emmanuel Carrère usou muito de sua vida para escrever, contar histórias cheias de pontos de vista e sobre pessoas das mais diferentes vertentes em sua vida, aqui em Ioga ele se utiliza desse recurso de peito ainda mais aberto.


A proposta com o retiro no interior da França era passar dez dias no que ele descreveu como praticando ioga no “nível hard”, deixando celular e livros para trás. Mas, contrariando todas as orientações e exigências, Carrère não se desfaz de caneta e caderno quando, repito, a intenção era apenas fazer anotações para um livrinho sobre ioga.

Gostei muito desse livro, e pretendo relê-lo. Vale muito, pratique você, ou não, ioga. E, por que não?


*Jornalista e diretora de Conteúdo do Portal Temas Preferidos


**Agradecemos à Editora Alfaguara pelo envio do exemplar de Ioga à redação do Temas Preferidos


***Você encontra este e outros títulos na Livraria Letras&Cia
, nossa parceira na divulgação de leituras,no Bourbon Shopping, em Novo Hamburgo

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