CRESCE OBESIDADE INFANTIL ENTRE OS BRASILEIROS

Especialista fala sobre alimentação e como o sobrepeso pode prejudicar a saúde e o bem-estar desta geração na vida adulta

Considerado um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, a obesidade se agrava ainda mais com o crescimento nos índices de sobrepeso entre as crianças. No Brasil, o percentual de crianças com excesso de peso, entre 5 e 9 anos, já chega a 33,5% e chamam a atenção para a questão.

Mais sedentárias e comendo pior, as crianças estão engordando, e o que é mais triste, estão adoecendo. Sintomas como pressão sanguínea alta, manifestação de diabetes tipo 2 precocemente e níveis elevados de colesterol no sangue são alguns dos sintomas sentidos pelos pequenos. Há também, efeitos psicológicos, como a baixa autoestima, imagem corporal negativa e depressão.

A Organização Mundial de Saúde estima que, se nada for feito para mudar esse quadro, até o ano de 2025, poderemos ter 75 milhões de crianças com sobrepeso e obesidade no Brasil. Especialista no tratamento de Diabetes e Pesquisador na área da Nutrição, o médico Patrick Rocha tem conquistado repercussão na internet esclarecendo sem rodeios os mitos sobre a alimentação.

Para esclarecer as dúvidas mais comuns, conversamos com o presidente do Instituto Nacional de Estudos da Obesidade e Doenças Crônicas (INEODOC), Patrick Rocha. Ele, que é autor dos livros  autor dos livros Emagreça com o Dr Rocha e Programa Diabetes Controlada mostra como a saúde alimentar infantil está sendo comprometida principalmente pela desinformação:

1. O que é Obesidade Infantil?

A criança é identificada como obesa quando seu peso corporal ultrapassa em 15% o peso médio correspondente a sua idade. Indo além, podemos considerar que é uma condição em que o excesso de gordura corporal afeta negativamente a saúde e o bem-estar de uma criança.

2. Quais são os maiores problemas da alimentação infantil nos dias de hoje?

É preocupante o fato de que o crescimento do índice de obesidade infantil pode estar condenando a saúde desta geração. Crianças com sobrepeso hoje, serão adultos doentes amanhã. O caminho da transformação passa pela educação alimentar. Acredito também, que outro fator agravante desse quadro de crescimento da obesidade infantil, é o fato do medo da violência ter mudado hábitos simples que contribuíam para a saúde, como brincar na rua ou ir a pé para a escola. As crianças estão se exercitando menos e comendo pior, e assim estão engordando.

3. As pessoas menosprezam o problema?

Eu não diria que menosprezam este problema. Muitas pessoas estão é desinformadas mesmo. Acredito que se soubessem o quão grave para saúde de adultos e crianças é a ingestão de alguns alimentos, como o trigo e produtos light por exemplo, mudariam a alimentação. Mas a informação não chega e esse é um ponto chave. Existe conflito de interesses de diversas indústrias.

4. Quais hábitos alimentares são considerados os principais vilões?

Podemos destacar o consumo frequente de alimentos industriais, como congelados, sorvetes, biscoitos recheados e produtos lights, como grandes sabotadoress da saúde. Além disso, não podemos esquecer o quão prejudicial é para o organismo o consumo exagerado de farináceos de trigo, como pães e massas, que entram exageradamente no cardápio diário.

5. Como é o tratamento da obesidade infantil?

O tratamento da obesidade infantil exige a participação da família de forma a incentivar a criança a adotar estilos saudáveis de vida que ajudam a combater a obesidade. É importante que os adultos desenvolvam maior consciência sobre o consumo de alimentos e que as crianças comecem a aprender isso desde cedo. Quanto mais cedo começar a educação alimentar, melhor será para a saúde.

6. Qual a sua sugestão como profissional da medicina para diminuir os indices de obesidade infantil?

Para reverter esse quadro, é importante ter consciência que a mudança começa em casa, com a melhora dos hábitos alimentares de toda a família. É essencial tentar evitar o consumo de alimentos ricos em gorduras trans e açúcar e que são pobres em nutrientes, como fast-food, congelados, biscoitos e doces, que geralmente recheiam o cardápio dos pequenos. Outra questão essencial a ser discutida, é o que as pessoas não estão incluindo na dieta diária. É importante ingerir alimentos naturais, ricos em gorduras saudáveis, como ovos caipiras, abacate, dentre outros considerados fundamentais para o bom desenvolvimento da criança. Os pais são os primeiros modelos de comportamento para as crianças. Além disso, é importante ter consciência que quanto mais avançada a idade, mais difícil será para mudar os hábitos.