CIRURGIA PLÁSTICA EM ADOLESCENTES: O PAPEL DA FAMÍLIA

Entender o problema e buscar informações sobre a necessidade e os impactos do procedimento é fundamental

Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica dão conta de que o Brasil só perde para os Estados Unidos no ranking dos países onde mais se fazem procedimentos dessa natureza. Lipoaspiração e colocação de próteses mamárias estão entre as solicitações mais frequentes. Nesse cenário, também é crescente a busca de adolescentes brasileiros por cirurgia plástica. Mas, por se tratar de um tema tão presente e com demanda crescente, especialistas da área buscam orientar as famílias não somente sobre a necessidade mas também sobre os cuidados e os impactos de uma intervenção desse tipo ainda na adolescência. “A imaturidade da idade e a ansiedade por alguma mudança podem atrapalhar algumas decisões”, destaca o cirurgião plástico Bruno Zimmermann, da Clínica Zimmermann, em Novo Hamburgo (RS).

Ao mesmo tempo, ele reforça que a cirurgia plástica não está contraindicada para adolescentes. “A idade mínima para realizar cada procedimento é relativa e deve ser analisada em cada caso. Neste momento, é importante a família participar ativamente, acompanhando as consultas e compreendendo o processo”, completa Zimmermann, que é especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e pelo Ministério da Educação (MEC). Segundo o médico, trata-se de uma faixa etária com excelente saúde e baixo risco cirúrgico. Portanto, não há problemas técnicos adicionais para esses pacientes.

AUTOESTIMA E ESTÉTICA

Muitas vezes, a vontade de se submeter a uma cirurgia plástica pode estar relacionada tanto à saúde quanto à questão estética e são aspectos como esse que devem ser compreendidos família. Exemplo disso é a história de A.B.M, de 16 anos, com hipertrofia mamária (mamas grandes). O peso ocasionado pelas mamas grandes resultou em dores na coluna e o caminho natural para resolver a questão foi a redução. Nesse caso, o médico explica que para que o procedimento seja possível é preciso que tenha se passado de 2 a 3 anos da ocorrência da primeira menstruação (menarca). Casos como esse, diz Zimmermann, são comuns e merecem atenção.

Mas crianças ou adolescentes mais novos também apresentam problemas que requerem solução mais cedo. Como o menino J.P.C.N, 7 anos. Com as chamadas “orelhas de abano”, com frequência sofria bullying na escola. Foi ele mesmo quem sugeriu aos pais que permitissem a otoplastia, realizada pelo médico especialista.

Por outro lado, há restrições que requerem tempo para a realização de cirurgia plástica na adolescência. Zimmermann relata o caso de uma menina de 12 anos que se queixa do tamanho do nariz. “Neste caso, mesmo com vontade da paciente e dos pais, ela é muito jovem para o procedimento, que é indicado após 15 anos, perto do fim do estirão da adolescente, que corresponde aos 17 anos no sexo masculino”, completa o cirurgião.

A cirurgia das mamas também é muito comum entre os homens adolescentes. Nesse caso, chama-se correção de ginecomastia, um transtorno que causa desgaste psicológico numa fase em que a autoestima é tão necessária.

DETALHES A SEREM OBSERVADOS PELOS ADOLESCENTES E FAMILIARES

- O paciente deve demonstrar que deseja fazer o procedimento.

- O paciente precisa ter maturidade para compreender o processo que vai passar e as limitações do procedimento.

- O paciente deve demonstrar capacidade de cumprir os cuidados pós-operatórios e de ter paciência o suficiente para aguardar os resultados.

- As expectativas devem ser equivalentes ao resultado que pode ter.

- O médico deve constatar que não há exagero na queixa sobre o problema a ser corrigido e que o órgão em questão atingiu sua maturidade física.