BRUXISMO: VOCÊ SABE O QUE É E POR QUE PODE TER PIORADO NA PANDEMIA DA COVID-19?

Apertar a musculatura facial pode levar a problemas maiores e, neste momento, a ansiedade é um dos maiores agravantes dessa condição

Por muito mais tempo do que se imaginava, a humanidade vive um cenário de incertezas, de ansiedade e muitas preocupações. A pandemia do coronavírus segue a provar sentimentos, emoções e questionamentos dos mais variados em pessoas de toda as esferas sociais. Há quem tenha sofrido, e ainda sofre, um grande impacto na saúde mental e também física e junto disso uma das situações mais recorrentes é o bruxismo, quando o indivíduo aperta a musculatura facial, o popular “apertar os dentes”.

“Essa é uma desordem de movimento relacionada ao Sistema Nervoso Central, com causa desconhecida. Mas sabe-se que é extremamente ligada ao estresse", explica Anderson Marques, cirurgião-dentista especialista em Odontologia Estética pela USP de Ribeirão Preto.


De acordo com ele, que também é membro da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética e da Federação Internacional de Odontologia Estética (IFED), observou-se, em todo o mundo, durante esta pandemia, aumento significativo dos casos de bruxismo com grande queixa nos consultórios odontológicos. Para o cirurgião, este aumento se explica diante do grande quadro de estresse e ansiedade que atinge a humanidade neste momento por causa da tensão diante da covid-19. “O organismo descarrega, de alguma forma, esse estresse no sistema estomatognático, ou seja, durante a fase de tensão,nós passamos a apertar a musculatura facial e acabamos por prejudicar os dentes também”, detalha.


O bruxismo é dividido em duas categorias. “O cêntrico ou apertamento dental, e o excêntrico que é o ranger dos dentes. O primeiro, afeta mais a musculatura do rosto causando fadiga muscular, dores de cabeça e até mesmo assimetrias faciais. Já o segundo, pode causar desgastes dentários e até mesmo fraturas dos dentes. Consequências estas, que podem ser irreversíveis, por isso a importância de tratar de forma precoce já nos primeiros sintomas”, relata o cirurgião.


Desgaste dos dentes e dores articulares costumam ser as maiores reclamações dos pacientes. “Dentre os malefícios que o bruxismo pode acarretar, posso dizer com segurança, que o desgaste dentário é o mais presente nas pessoas que apresentam esse distúrbio de movimento. Sendo esta, uma consequência irreversível que vai gerar tratamentos odontológicos restauradores, que poderiam ser evitados se o paciente tivesse iniciado um tratamento precoce contra o bruxismo”, explica Ticiana Campos, Membro da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética e da Federação Internacional de Odontologia Estética (IFED).


Outros pacientes, continua Ticiana, chegam com muitas dores musculares de forma aguda, sentem uma fadiga muscular extremamente desconfortável na região da face. Em casos mais severos, comprometimentos articulares podem aparecer, e o paciente passar a ter uma DTM, que é o distúrbio da articulação temporomandibular. Ou seja, essas dores podem passar da musculatura para esta articulação, e estalidos ao abrir a boca também podem aparecer.


TRATAMENTOS

Existem diversas opções de tratamento, porém não há cura para o bruxismo. “Dentre as diversas opções de tratamento destaco: Placa Miorelaxante para proteção dos dentes e da musculatura, paciente utiliza ao dormir; Aplicação de Toxina Botulínica (botox) que diminui a força muscular e consequentemente, alivia as dores e os problemas advindos deste quadro; e tratamento com fisioterapeuta, acunputurista, psicólogos também podem ajudar nestas situações”, afirma Anderson Marques.


Para Ticiana, “em primeiro lugar, posso destacar a utilização de uma placa miorrelaxante. É uma placa rígida em resina acrílica que o paciente utiliza durante o sono fazendo com que os dentes fiquem protegidos um dos outros. Quando o nível de stress do paciente é muito alto, podemos indicar um acompanhamento com fisioterapeuta, e até mesmo com um psicólogo”, explica a dentista.


“Uma vez que o bruxismo está instalado, as crises podem ser recorrentes. Para quem não sofre desse problema, porém esta inserido numa sociedade ou numa fase de vida mais estressante, é interessante ter uma válvula de escape, como um hobbie ou um lazer”, conclui Ticiana.