AFETO É UM NATAL DE POSSIBILIDADES. COMO FAZER?

Curta a época para colocar em prática a liberdade de sentimentos positivos

Por César Silva*

Simples! Sinta! Uma época de presentes, abraços, beijos, carinhos, amores e lembranças é o melhor momento para enfraquecer a couraça da indiferença e a acomodação da rotina insensível!

Isso mesmo! Aproveite para eternizar em si sentimentos e emoções de afeto a todos! Abrace, tenha compaixão, perdoe simplesmente, ame indiscriminadamente e exteriorize o que você sempre quis que o mundo soubesse: que é gente! E gente boa!

O calor humano precisa ser reaceso! Se confunde esse calor com algo relacionado a sexualidade, pode até ser, mas sempre pode haver algo a mais do que isso: a amizade, a bondade e a cumplicidade.

O tempo passa e vamos apagando calmamente as chamas que acendem os sentimentos mais puros em nossos corações. Foram esses sentimentos que abrilhantaram nosso olhar infantil, encheram de esperança a idade juvenil e vibraram o amor na maturidade.

Vamos criando barreiras invisíveis ao nosso entorno com uma desculpa usual e sem justificativa: a vida me deixou assim! Já confiei em tantas pessoas e fui usado(a) de forma vil tantas vezes, que não permito mais a expressão profunda de amor! Quem dera amar!

Tudo vai esfriando, as relações se acalmando, a confiança diminuindo, a alegria se esvaindo e a força se torna obsoleta. A depressão vai se aprumando e a vida vai ficando cinza. Ao ponto de que não nos sensibilizamos mais com as dores dos outros, transformando ela em algo corriqueiro e perene.

Uma história de amor

Dois adolescentes, na flor da idade, se encontraram em uma festa da turma. Haviam diversas possibilidades naquela noite e, os dois, já estavam há tempos se cuidando.

Olhares e mais olhares até que a coragem veio: ele foi ao encontro dela! Um sorriso o aguardava com uma pitada de molequice. A dança foi entoada de cânticos, de calafrios e de sentimentos que os dois nunca souberam definir, até aquele momento. Os joelhos tremiam, as mãos se encostavam, o suor cai a testa, e o desejo apareceu através de um beijo sutil, na lateral dos lábios dela. Ela correspondeu!

Ele fez questão de apertá-la cada vez mais e, sorrateiramente, após o beijo, falou em seu ouvido palavras de carinho e disse: sempre quis ficar com você!

Ela tremia de felicidade, já que aquele menino era o imaginado príncipe dos seus sonhos mais ingênuos.

A mente dela explodia! Começou a imaginar um namoro maravilhoso, os apertos naquele corpo charmoso e bonito, a felicidade rondava sua vida, como nunca tinha sentido. A noite passava e aquele menino dizia a ela palavras que tocavam fundo ao seu coração, como se fossem exclusivamente criadas para aquele momento!

Era um tempo de descoberta e de encantamento. O rapaz sabia exatamente o que fazer, como fazer e como prometer o mais esperado: o amor. A noite estava findando, cada um foi para sua casa, mas o desejo inflamado dela não conseguia se conter. Ela tinha dito para irem com calma!

Foi com uma amiga para seu lar e ficaram a noite toda analisando e falando de planos e mais planos e que, finalmente, depois de tantos longos 15 anos, o amor verdadeiro havia aparecido.

Na semana posterior haveria uma nova festa e, a época, não haviam celulares para trocar mensagens e marcar encontros. A esperança tomava conta daquele coraçãozinho novato como se a missão de encontrar aquele menino fosse o assunto do mês. Ela abriria um sorriso e ele viria em seus braços!

Ledo engano! Na chegada da festa ele já estava conversando com a sua melhor amiga e fez de conta que ela nem existia. E a melhor amiga, o que fez: ficou com ele, mesmo sabendo dos sentimentos e emoções dela. Agora é minha vez!

Alguém já passou por essa situação em sua vida? Qual o impacto dela? O amor acabou?

Como amar e confiar novamente?

Como confiar a partir desta situação, se até a melhor amiga havia traído sua confiança? E aquele manipulador em miniatura, que ódio!!!! Histórias como essa estão lotando os corações e mentes atualmente e, a simples possibilidade de compromisso, acaba se transformando em limitação de vivências. Preciso experimentar mais!

Não cito gênero aqui, feminino ou masculino, mas um esteriótipo criado pela desilusão e desamor. Amar dói! Se envolver dá trabalho! Experimentar é a onda! Sou livre e sempre serei!

A ideia de que o amor prende é tão errada quanto a de que a experimentação ensina algo além da superficialidade. Os relacionamentos fugazes são o combustível de um desamor presente. Um desamor a si, uma desconfiança geral, uma vontade de não mudar nada em função de outrem e, principalmente, um vazio crescente na alma. Nada de companheirismo!

Nenhum esforço além do normal. Nada de abrir mão por ninguém e o que vale mesmo, é o que eu quero. Para chegar onde quero experimento de tudo e de todos sem distinção, desde que me agregue algo. Esse utilitarismo transforma o ser humano em algo que não é. Um objeto!

A família vê seus laços se transformarem em pó e o tempo ao lado parece um momento de tortura. As mães e pais tentam de tudo para resolver um problema que eles também tem: amar e confiar desde sempre em si e nos outros.

A falta desta base no lar faz desmoronar o castelo de relações futuras, sem distinção. O carinho nos filhos, o jantar em família, a conversa franca e agregadora dá lugar a indiferenças, a falta de tempo e desatenção. O coração sofre mas não sabem como resolver.

Como amar e confiar novamente? Confiando e amando!

Natal é todo dia. Sou crítico dessas épocas definidas em ajudar, amar e viver. Para mim todo dia é dia de tudo!

Mas há de termos um (re)começo. E a época natalina enfeitiça nossos corações e mentes com os melhores sentimentos possíveis e impossíveis na humanidade. É como uma onda que poucos surfam mas muitos aplaudem!

É um momento de vazio existencial que precisa ser preenchido com bons sentimentos. O afeto é um bom caminho! O carinho desmancha os nós mais profundos da alma, as desilusões mais fortes e reacende a esperança de um futuro mais humano, que depende de nós.

A poesia, nunca tardia, toca nosso âmago com esplendor:

Ó alma amada nesta estrada da vida

Sabeis que sois querida por Deus e pelo Universo

És herdeira de tudo que há e de suas escolhas

Mais do que um olhar, mais do que se entoa

Ó alma ligeira

Acende tua candeia e teu coração abalroado

E não dispenses um estrado, por simples que seja

Tenha na fé a esperança de dias melhores

Alvinitentes e em glórias da paz que virão do que semeias

E se a dúvida tocar sua mente

Imagine-se no lugar de Deus, Onipresente

A quem todos procuram, mesmo no barrete

Ele ama a todos como a si eternamente

Um Natal de muito afeto em sua vida e que sua alma querida e renitente aposte de vez no amor presente, que faz da vida valer o esforço a cada respiração da criatura alvinitente! Você!

César Silva é professor, escritor, consultor, mentor - Head of Business @cesarsilvasimplesmente, Professor/Tutor Externo IERGS/Uniasselvi, Conselheiro da Fenac S.A