VOCÊ SABE O QUE É FOME EMOCIONAL?

Veja o que diz a nutricionista Luciana Badia quando comemos para aliviar um desconforto ou desestressar...

Já deve ter acontecido com você ou com alguém muito próximo: vem a ansiedade, a tristeza, raiva e até mesmo a euforia e o caminho é preencher um suposto vazio com comida. O descontrole diante dos alimentos, na maioria das vezes os mais calóricos, pode ser classificado como fome emocional, e pode ter consequências bem graves. Para esclarecer essa questão, conversamos com a nutricionista Luciana Badia. Ela fala dos riscos de quando se usa a comida como saciadora de algo que, definitivamente, não é fome.

"É uma necessidade de comer para aliviar um desconforto. É a pessoa que come quando está estressada, cansada, irritada, triste ou ansiosa. É a chamada fome emocional, é um tipo de fome que não passa com a comida. Não importa o quanto comemos, estamos sempre com vontade de comer", diz a nutricionista.

Ingerir alimentos mais calóricos é uma das características da fome emocional, como dito acima, itens mais gordurosos e com alto teor de açúcar. Fique atento a frases como "fome de comer um doce", "fome ou vontade de comer algo diferente". Podem indicar a fome emocional. De acordo com Luciana, a comida costuma ser ingerida de forma rápida e automática, sem a possibilidade de se perceber o sabor, a sensação que aquele alimento provoca. "

E, após uma sensação inicial de conforto e alívio surge um sentimento de culpa, sensação de fracasso e arrependimento por ter comido", completa.

CONSEQUÊNCIAS DA FOME EMOCIONAL

De acordo com a nutricionista, a fome emocional pode levar a comportamentos extremos como comer até sentir-se mal, comer escondido e aderir a dietas da moda para emagrecer. Como consequência, esse descontrole leva ao excesso de peso e obesidade. "A longo prazo isso pode resultar em doenças crônicas como diabetes, pressão alta, dislipdemias entre outras. Sem falar nos problemas de autoestima", pontua Luciana.

Mas, a boa notícia é que isso tudo pode, e deve, ser tratado, e vai bem além de uma dieta. Luciana destaca que quem sofre de fome emocional deve buscar tratamento especializado com nutricionistas que trabalhem o comportamento alimentar. "O foco da minha terapia nutricional voltada para o tratamento da fome emocional está em melhorar a relação da pessoa com a comida e com o seu corpo. É fazer a pessoa entender que: Como e porque se come – as crenças, pensamentos e sentimentos sobre comida são tão ou mais importantes do que simplesmente o que se come", diz.

Assim, ao contrário das dietas tradicionais, prossegue, o objetivo não é dizer para a pessoa o que ela pode ou não comer, mas ensinar técnicas e ferramentas para que ela consiga colocar isso em prática. O paciente aprende a lidar com a ansiedade e a identificar os gatilhos que levam ao comer transtornado e como mudar esse comportamento. Para que ela possa a partir de uma forma de comer mais saudável e consciente encerrar definitivamente o ciclo de dietas e a eterna briga com a balança. Alcançando um emagrecimento consciente e duradouro. 

Segundo Luciana, muitas vezes é necessário associar um acompanhamento psicológico para identificar e tratar questões emocionais. "Todos nós temos nossa comida conforto, muitas vezes representada por pratos que nos remetem a infância. De vez em quando, usar a comida como forma de acolhimento, recompensa ou comemoração não é necessariamente errado. Mas quando comer passa a ser visto como alívio imediato diante do qual a pessoa perde o controle, é hora de buscar ajuda", completa a nutricionista.