MUDANÇA DE HÁBITO

Por que criar um hábito é tão difícil, se dizem que se você repete o mesmo comportamento ou atitude durante 21 dias ele vira um hábito para a vida toda?

Por Lola Carvalho*

Mais um ano terminou e outro começou e cá estou eu com a minha lista de resoluções de ano novo. Assim como muitas pessoas, tenho por hábito escrever minha lista de resoluções e avaliar a lista anterior para ver o que consegui cumprir.

É duro admitir, mas há anos que algumas resoluções são transferidas de uma lista para outra: emagrecer, ser mais paciente, guardar dinheiro, fazer musculação, voltar para o inglês, comer menos doces, meditar todos os dias.

Entra ano e sai ano, estas resoluções sempre voltam para me lembrar de que não sou tão eficiente, focada e determinada quanto gostaria.

Se analisarmos friamente, é uma lista relativamente simples, que exige um pouco de força de vontade e só. Simples assim.

Mas por que criar um hábito é tão difícil, se dizem que se você repete o mesmo comportamento ou atitude durante 21 dias ele vira um hábito para a vida toda?

O fato é que é muito difícil permanecer firme durante 21 dias seguidos. Sempre que eu tento, a correria da vida me leva de volta ao hábito anterior. Os meus amigos me levam para o hábito anterior. Minhas crenças me levam para o hábito anterior e o que poderia ser uma grande transformação na vida, não passa de um fogo de palha que dura uns quatro ou cinco dias.

Basta um convite para um sushi, que mato a academia. Basta um convite para um happy hour, que bebo durante a semana. Basta me oferecer uma sobremesa, que aceito.

Mas como sou muito persistente e ainda acredito em mim mesma, decidi que vou comprovar esta teoria.

Então, escolhi dentre as resoluções que fiz, a que eu considero a mais fácil de adotar e que vai ter o maior poder transformador e comecei o processo pela milésima vez esta semana.

Faz dois dias que acordo às 5h50 da manhã para meditar. Quero muito que a meditação torne-se um hábito na minha vida. Sou ansiosa, já tive pânico, crises de ansiedade e gostaria muito de poder viver livre disso. E tenho lido muito a respeito dos benefícios da meditação nestes casos.

E percebo que a meditação, além de me trazer de volta ao centro e me livrar da ansiedade, me permite ficar um pouco apenas comigo e meus pensamentos, mantendo meu foco no momento presente. Perceber como eles vêm e vão e aprender a não fazer nada a respeito.

Apenas o que é possível fazer agora. Nem passado, nem futuro. AGORA!

Durante este pouco tempo que fico ali, quieta, apenas percebendo os sons do ambiente e meus pensamentos, tenho insights importantes e consigo me perceber sem nenhum tipo de máscara. É como se eu me visse de fora. Como se eu me olhasse e pudesse me ver com os olhos de outra pessoa.

Meditando, deixo meu ego de lado e fico livre para me perceber genuinamente, sem filtro.

Mas confesso que desde que comecei, toda vez que o despertador toca, minha vontade é ativar o modo soneca e voltar a dormir. Por isso, eu não me dou este tempo, pulo da cama e vou em frente, tipo um zumbi, e faço o que me propus a fazer.

Quando termino, tenho aquela sensação maravilhosa de conquista. Posso riscar mais um dia no meu calendário imaginário rumo ao tão sonhado hábito.

Quem sabe este não é só o começo de uma série de novos hábitos que vou desenvolver?

Enquanto escrevo, ouço o barulhinho da chuva lá fora e fico pensando se amanhã eu vou resistir à vontade de continuar na cama.

Se eu conseguir, talvez eu esteja mais perto dos 21 dias do que eu imagino e logo, logo, vou poder contar para vocês que eu consegui criar um novo – e maravilhoso - hábito.

Faltam apenas 19 dias.

E você? Já criou um novo hábito, recentemente?

*Lola Carvalho é publicitária, jornalista e mãe de dois. Sempre foi apaixonada pelas palavras e pela música. É gaúcha de São Sebastião do Caí, mas aos onze anos mudou-se para Novo Hamburgo.

Com o nascimento do primogênito, Francisco, em 2009, viveu a maior transformação da sua vida. A maternidade trouxe à tona sentimentos novos e singulares. Tudo isso foi sendo registrado em textos escritos pela publicitária que encontrou nas palavras uma forma de externar seus medos, frustrações, desafios e falar do amor que crescia dia após dia.

Com a chegada do Caetano, seu segundo filho, a maternidade se revelou em novas páginas, que foram reunidas em seu livro de estreia Mãe Sem Limite: um livro de crônicas que trata sobre as aventuras e desafios de ser mãe.

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