MARTHA MEDEIROS LANÇA NOVA COLETÂNEA DE CRÔNICAS

A escritora autografa Quem Diria Que Viver Ia Dar Nisso nesta quinta, em Porto Alegre, e fala, com exclusividade ao Temas Preferidos sobre alguns dos temas abordados no livro

É como estar conversando com uma amiga, com uma tia, com a mãe ou com a irmã. Uma troca de ideias. O novo livro de Martha Medeiros, Quem Diria Que Viver Ia Dar Nisso (L&PM Editores) é assim. Uma troca de ideias porque depois de ler cada texto, você para e reflete. E torna a ler. E a se emocionar, por vezes até se irritar, afinal de contas quantas vezes você já não se irritou com a amiga ou irmã durante uma conversa? Ou agradeceu imensamente por um conselho, por uma boa notícia, por um outro ponto de vista?

Para os admiradores e fãs gaúchos da escritora, uma excelente notícia: é em Porto Alegre que ela abre o roteiro de lançamento de seu novo trabalho. A sessão de autógrafos de Quem Diria Que Viver Ia Dar Nisso em Porto Alegre será nesta quinta, 5, na Livraria Saraiva Moinhos Shopping. Uma chance imperdível de estar perto de uma das mais aclamadas escritoras contemporâneas. É a partir das 19h. 

Martha respondeu com exclusividade ao Temas Preferidos algumas perguntas sobre seu novo trabalho, que você confere logo abaixo, uma breve degustação sobre os temas que são abordados no livro, fragmentos não somente do cotidiano, mas também de cada um de nós, você vai ver.

Temas Preferidos - O título do livro é uma incrível reflexão: quem diria que viver ia dar nisso. Se você pudesse voltar atrás e mudar algo em sua vida, mudaria? Por que?

Martha Medeiros - Eu não tenho nenhum grande arrependimento, daqueles que nos consomem. Acho que dei os passos certos e cheguei até aqui com uma vida bem mais interessante do que eu supunha alcançar. Mas claro que há coisas que eu teria feito diferente. Por exemplo, levo muito tempo para tomar uma decisão, eu pondero demais. Muitas escolhas poderiam ter sido feitas    antes, mas, enfim, cada um tem seu ritmo. Não adianta viver pensando: “e se?”. 

TP - Quem te acompanha e conhece teu trabalho, percebe uma evolução nos teus textos, principalmente no que se refere a mudanças de conceitos, de visão, de desejos. Exemplo disso é o texto Adúlteros. Você acredita que as pessoas deixam de ser felizes por ter medo ou vergonha de mudar suas convicções, suas afirmações diante do mundo?

MM - Sim, mais por medo do que por vergonha. Mudar não é fácil. As pessoas se apegam às suas primeiras escolhas porque acreditam que a formatação de sua identidade depende delas. Se trocarem de escolhas, se deixarem de ter tantas certezas, podem passar a impressão de que são pessoas frívolas, não confiáveis. Eu, ao contrário, acho mais confiável aquele que repensa sua trajetória de tempos em tempos e vai criando novos caminhos para enriquecer sua experiência de vida. 

TP - Em muitas de suas crônicas a arte, literatura, música, teatro, entre outras manifestações culturais, são ferramentas para falar de mazelas ou mesmo de aspectos positivos da sociedade. Você acha que essas manifestações culturais já estão mais próximas das pessoas do que quando você começou a ser cronista? Qual a importância dessas manifestações culturais para o indivíduo como forma de entender e estar no mundo?

MM - Hoje temos mais informação do que antes, mas a arte sempre esteve ao nosso alcance. Claro que facilita se a gente teve acesso a ela desde criança, através da família, mas mesmo que tenhamos sido criados num ambiente desinteressado em arte, podemos correr atrás por nós mesmos.  Existem concertos gratuitos, bibliotecas públicas... Eu não consigo imaginar uma vida sem ela. A arte é o canal para a transcendência, é ela que refina nossa sensibilidade, que promove nosso autoconhecimento, que expande nossas ideias, que nos alegra, nos comove, nos conecta com nossos sentimentos mais íntimos. Ela nos salva da mediocridade. Devo tudo aos meus pais e aos livros, à música, ao cinema e ao teatro.